Nação Valente e Imortal

Nação Valente e Imortal
"Desfralda a invicta bandeira à luz viva do teu céu"

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Diário de uma crise (A Revolta, episódio 46)

Troika recomenda cortes salariais no sector privado
http://economico.sapo.pt/noticias/troika-recomenda-cortes-salariais-no-sector-privado_131535.html

No que toca a baixar o ordenado dos outros é fácil de mandar fazer...
"A vida dos outros é tão fácil para mim..."

Se há medidas injustas a fazer é observar a actuação deste (des)"Governo de Portugal" (R). Basta olhar para o disparate dos cortes dos 2 subsídios a uma franja da população, ficando os outros (sector privado no activo) a rir-se destes, como já ouvi dizer: "os funcionários públicos têm o que merecem!"

Agora vêm uns troikos a dizer que o sector privado deve acompanhar os cortes do público... não era difícil de adivinhar que a coisa estava, e está, a caminhar nesse sentido, talvez passe a ser mais equitativo, talvez haja menos pessoas a rirem-se dos funcionários públicos que 'têm o que merecem'. Mas esta não é a questão! Seria completamente desastroso para todo o país que tais medidas se estendessem a todos os sectores. Uma redução brutal de todos os salários iria colocar, suponho, centenas de milhares de famílias em insolvência, o PIB desceria imenso (e já vai descer à conta dos funcionários públicos e pensionistas) devido à muita menor disponibilidade de dinheiro para gastar... o mercado interno entra em colapso lançando milhares e milhares de lojas e restauração na falência por não disponibilidade de dinheiro para gastar... estes 'troikos' andam mais uma vez a brincar com a vida de milhões de pessoas...

Só um à parte... ouvi hoje que a Alemanha está com uma taxa de empregabilidade record desde a unificação... porque será? A crise não bateu à porta da Alemanha... presumo que a mesma Alemanha se está a alimentar das crises dos outros países da UE... acho que vale a pena analisar isto!

Voltando ao assunto principal, a redução de salários também para os privados. Já estavam todos os Portugueses a contar com austeridade para os tempos que correm, mas um corte de 14% em todos os salários acima de 1.000 euros e de uma percentagem progressivamente menor até ao salário mínimo é um corte insupoirtável. Há demasiadas pessoas e famílias que não conseguirão aguentar estes cortes, originando a maior crise social desde o 25 de Abril de 74... as consequências para o país serão arrasadoras! O mercado interno estagnará por completo, deixará de haver procura interna, mas com isso o resto do mundo vive bem! Isto em nome de quê? De uma folha de contabilidade pública limpinha? Em nome disso destroi-se uma sociedade?

Não será com cortes salarias que se incentiva uma maior produção, muito pelo contrário, gera desmotivação! Muitas empresas quando apresentam bastantes lucros são descapitalizadas, na sua maioria pequenas e médias empresas. Normalmente os trabalhadores têm noção da dimensão dos lucros das empresas e chegando o fecho das contas os lucros são praticamente remetidos para os bolsos dos sócios, mas praticamente todo o lucro! Não deixando uma tesouraria desafogada e precavida e praticamente em nenhum lado são distribuidos prémios (que serviriam de incentivo) aos colaboradores que tornaram esses lucros possíveis! Uma boa distribuição de lucros seria, a título de exemplo: 50% para os sócios, 25% na tesouraria da empresa (para investimento e poupança da empresa para alguma eventualidade) e 25% distribuido pelos colaboradores da empresa. Com políticas de incentivo é que os trabalhadores produzem mais. Quando trabalhamos e temos a noção que estamos a ser explorados, trabalhamos apenas porque é um mal necessário! Em Portugal há a cultura do empresário que tem de enriquecer depressa, claro que o principal objectivo de uma empresa é gerar lucro, mas uma distribuição lusta de lucros torna essa empresa uma máquina mais eficiente! Porque todos saberão que se trabalharem mais e melhor serão recompensados por isso!

As perdas na função pública têm sido muitas! Desde os congelamentos salariais verificados nesta última década com a inflação sempre a subir, o poder de compra diminuiu efectivamente. Acabaram os prémios ao desempenho dos funcionários, aumento das contribuições sociais, limitação da possibilidade de fazer horas extraordinárias, congelamento de carreiras, etc... os cortes de ate 10% já efectuados este ano e os anunciados 14,3% para 2012 , fazem com que esta classe de trabalhadores tenha perdido até cerca de 40%, em contas feitas de cabeça, de poder de compra, empobrecendo as pessoas...

Os salários em Portugal são muito inferiores à média da UE! Como podem pedir convergência se obrigam Portugal, e não só, a aumentar ainda mais esta diferença? A convergência é só para o que interessa, é importante a Alemanha poder evoluir economica e financeiramente ;) o resto que arda no inferno e que continue a comprar coisas à Alemanha... é para isso que serve o Euro atualmente.

No entanto, em Portugal há salários que não lembram ao diabo, estes troikos mencionam e quase ninguém liga importância a este ponto: fosso salarial! Há algumas pessoas que ganham na mesma empresa exageradamente mais do que outras, apenas porque ocupam um lugar mais acima ou têm uma relação mais próxima do empregador... não é justiça salarial na maior parte das vezes, mas sim favoritismos e favorecimentos! Fomenta a inveja (a quem se deixa minar por este sentimento), a frustação e a discriminação...

Há que encontrar alternativas a estas políticas de submissão aos mercados. Os mercados são a coisa mais irracional que se encontra no mundo e pelos vistos é o que manda no mesmo! Temos que inverter a ordem de valores! Não é o dinheiro que importa! São as pessoas! O dinheiro que está a mandar no mundo é o que está fechado em gavetas, espalhados pelas mesas e chão das casas, é o dinheiro que certas pessoas têm e gostam de coleccionar, mas que nem precisam dele, tropeçam nele e nem dão conta, mas querem cada vez mais, nem sabem para quê...

Ainda agora me veio à memória isto: tive um Professor no Instituto Superior Técnico da cadeira de Economia por volta do ano 1996 que leccionava uma coisa apenas: fraude fiscal... sim, lembro-me perfeitamente de ele ter dito, entre outras coisas, esta, que me ficou na memória: "A fraude fiscal é o motor da economia de Portugal." O nosso grupo de alunos tinha algum sentido ético e forçou a substituição deste professor na cadeira de Economia, o que veio a acontecer, felizmente, mas desconfio que ele não tenha deixado a profissão de professor... com gente assim em escolas de renome internacional, o que se pode esperar de uma sociedade que não pensa per si, mas que vai de modas...

Detesto assim este mundo!!!...

Sem comentários:

Enviar um comentário