Nação Valente e Imortal

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"Desfralda a invicta bandeira à luz viva do teu céu"

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

24 Novembro de 1993/2011 - Manifestações e Polícias

Era dia 24 de Novembro de 1993, dia de manifestação contra o aumento de propinas por parte dos estudantes do ensino superior. Recordo que na minha admissão ao I.S.T., primeiro ano de licenciatura paguei 1.200$00 (equivalente em euros: € 6,00) de propinas. Poder-se-ia dizer que era pouco, barato... ninguém duvidava disso, no entanto um aumento inicial da ordem de 3000% era brutal para quem tinha menos posses, para quem contava todos os tostões para poder estudar...
Havia razões de contestação e mais de 1000 estudantes nesse dia manifestaram-se desde a Av. 5 de Outubro até à Assembleia da República. As palavras de ordem eram contra o então ministro da educação Couto dos Santos. O governo de Aníbal Cavaco Silva era avesso a manifestações e muita gente se deve lembrar das cargas policiais na Marinha Grande, TAP, Ponte 25 de Abril e aos estudantes! Sim, nesse dia 24 de Novembro, o então Primeiro Ministro Aníbal Cavaco Silva e o Ministro da Administração Interna Dias Loureiro deram a ordem de acabar com a manifestação que era incómoda, já chateava, já durava há várias horas...

Numa manifestação recente associada à Greve Geral de 24 de Novembro (essa data é-me familiar) foi já confirmada pelo ministro Miguel Macedo a presença de polícias à paisana. Decorrem já investigações sobre a atuação desses agentes de autoridade dentro das manifestações. Há quem indique que alguns destes agentes à paisana instigam com atitudes provocatórias a atos mais violentos que possam dar origem e motivo a avanço de polícias sobre a manifestação no sentido de pôr termo à mesma.

O método é diferente do outro usado na anterior manifestação de 24 de Novembro de 1993, na qual participei e que acabei levando uma cacetada de um polícia (com caetete, claro). Não sei se haveria polícias à paisana, mas o método usado para terminar em avanço policial foi engenhosos e quase não ouvi ninguém referir isso, pois os ânimos eram outros e a capacidade de análise estava virada para outras questões, mais de educação ou de governação.

A 24 de Novembro de 1993, a manifestação já tardava em frente à Assembleia da República, mas não desmobilizava por nada. Lembro-me perfeitamente de haver 2 barreiras policiais, uma no topo da escadaria de Acesso à Assembleia da República e outra em baixo da mesma escadaria. Ambas as linhas eram formadas quer por agentes da PSP quer por barreiras metálicas. Ao fim da tarde sem nada prever a barreira policial que se encontrava no fundo das escadas retirou-se, removendo também as grades metálicas que aí estavam, deixando livre o acesso às escadas. Os estudantes longe de perceber a motivação da retirada desta barreira policial viram apenas a oportunidade de utilizar a escadaria já livre para se poderem sentar... Foi deixada ocupar a escadaria, e assim que ela já estava suficientemente cheia, o cordão policial no topo da escadaria foi subitamente substituido por um corpo de polícia de choque e respetivos cães que irrompeu escadas abaixo distribuindo cacetada. Gerou-se pânico e as pessoas no topo tentavam fugir aos cacetetes gerando uma avalanche humana pelas escadas abaixo. Sei que rebolei por cima de algumas pessoas, que desci alguns degraus (talvez uma dezena) sem tocar no chão... e surge uma cacetada nas costas no momento em que saltei do muro da escadaria para o jardim. A fuga para o lado era a menos perigosa... Em poucos minutos já não havia ninguém na praça a não ser, recordo-me perfeitamente de cerca de 5 ou 6 polícias à cacetada a uma rapariga estendida no chão a gritarem para ela abandonar a praça, coimo se nessa situação isso fosse para ela possível... não assisti a tudo o que se passou pois o meu instinto foi o da sobrevivência...

A ação policial nesse dia foi estratégica, simular uma tentativa de invasão da Assembleia da República. Outros métodos são e continuarão a ser usados no sentido de provocar fins de manifestação! Não me admira nada, ainda por cima quem manda neste país são os mesmos ou andaram na mesma escola...

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